J. VICENTE - Artes Visuais
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
Rio de Janeiro - Minha interação com sua História
No Rio de
Janeiro - década de 1950 - era muito comum faltar – ter racionamento – de água
e de energia elétrica. Tinha até uma marchinha de carnaval que dizia em versos
esse drama: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz de dia falta água e de noite
falta luz”. Letra e música de Anjos do Inferno – 1954.
O Morro
da Providência era, na minha infância, ouvia-se dizer, reduto de pessoas boas e
más, e pelas más, falava-se que a polícia não subia e os bandidos não desciam.
Logicamente era pura lenda, mas a polícia realmente não tinha um acesso nada
tranquilo naquelas paragens.
A
pedreira São Diogo, desativada, foi palco, apesar do solo altamente pedregoso, de peladas
que a meninada disputava, com bola de borracha ou de meia²³ com ânimo de quem
corre atrás da pelota oficial em gramado de finíssimo trato. A escada da vertente norte, era local adequado para empinar pipa. E assim foi até praticamente os meus 17 anos. Entre outras
brincadeiras o pique esconde era muito desfrutado na pedreira abandonada.
Da sacada do prédio em que eu morava dava para avistar o lado da Pedreira São Diogo e a igrejinha que ainda existe no alto do Morro. A impressão que dá é de que a igreja está na beira do penhasco. E está muito próximo!
Da sacada do prédio em que eu morava dava para avistar o lado da Pedreira São Diogo e a igrejinha que ainda existe no alto do Morro. A impressão que dá é de que a igreja está na beira do penhasco. E está muito próximo!
O Morro
da Providência, de um lado e o Bairro da Gamboa de outro eram lugares pouco
hospitaleiros para pessoas estranhas àquelas paragens, os homens desconhecidos que
por ali transitassem podiam ser confundidos com policiais espionando as bocas³³.
Mulheres e homens que por ali vagassem e que não fosse em busca de algum
parceiro ou para adquirir droga, logo eram acompanhados de perto ou
escorraçados da área.
Foto do Morro da Providência Lado da Pedreira São Diogo em 2016 - autoria de J.Vicente
Contíguo
à Providência se situa o Morro da Conceição, também chamado de Morro do
Livramento, mais perto da Praça Mauá, era um local que se tornou histórico,
porque possuía, nas proximidades da Ladeira João Homem, uma praça onde nos
tempos mais remotos do Rio de Janeiro eram leiloados os escravos que costumavam
chegar aprisionados da África, ao cais do porto, nos navios negreiros.
Todo
aquele sítio histórico e mais as escadarias do Valongo se transformaram
na área de lazer da meninada, inclusive eu, que ia jogar futebol nas
adjacências da Rua do Jogo da Bola e correr e brincar de esconder nos
jardins junto às íngremes e perigosas escadarias do Valongo.
Escadaria,
Jardins e museu do Valongo (casarão amarelo), em 2016, após passar por reformas.
Foto da
Escadaria do Valongo em 2016 - autoria de J.Vicente
Não podia
deixar de citar tais fatos, tendo em conta que, carioca, cuja infância e
adolescência vivenciadas naqueles sítios históricos tão importantes da cidade,
hoje querendo enfatizar toda a poesia de determinados locais e destas fases da
minha vida e história, ouso discorrer sobre o quanto naquelas oportunidades não
percebia o valor real dos ambientes e atmosfera desfrutados.
O lirismo
dos envolvimentos físico, lúdico e emocional contagiantes nos quais mergulhavam
meninos e meninas com os quais praticava todas as brincadeiras próprias da
faixa etária não nos permitiam alcançar o conteúdo de outras relevâncias.
A
cabulações de aulas que não comprometiam o aprendizado de alguns, outros nem se
importavam com o desempenho escolar, mas faziam questão de participar da
verdadeira festa e recuperavam ou não posteriormente.
No Morro
da Conceição, Escadaria do Valongo Rua do Jogo da Bola, Ladeira João Homem e
outros tantos locais praticávamos nossas brincadeiras, bola de meia, bola de
gude, pipa, pique esconde, e outras que se não existissem inventávamos –
imaginem; ali naqueles locais eram onde circulavam escravos e mercadores de
escravos em busca dos leilões dos que desembarcados dos navios negreiros eram
levados para serem vendidos – a meninada nem se ligava nesses
fatos, sequer sabiam da carga de energia que aquele solo portava e quanto
sofrimento teria testemunhado.
Morro da Conceição – subida pela Rua do Acre (proximidades da Pça Mauá) - RJ - 2016
“ Na Ladeira do Livramento, morro do mesmo nome, número 77, a história se transforma em ruínas. A casa onde o escritor Machado de Assis nasceu e morou até os 6 anos virou um cortiço, que se deteriora com o tempo. Seis famílias se espremem no imóvel, que, apesar do valor cultural, não é reconhecido pela Prefeitura do Rio como o local onde um dos maiores literatos do país passou parte da sua infância.” Aliás só de poucos anos para cá os mandatários políticos do Rio de Janeiro se deram conta do valor histórico da área central do local e criaram o Porto Maravilha entre outras atrações turísticas que ali foram instaladas.
A finalização do passeio acontece na Pedra do Sal, que recebe esse
nome pois é a rocha onde os escravos descarregavam o sal que chegava do cais do
porto. Com forte influência cultural dessa época, somada a cultura de
estivadores que ali se reuniam após o expediente para rodas de samba, o local
é considerado o berço do samba carioca – a Pedra do Sal deu origem aos
primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e pontos ritualísticos na metade do
século XIX. Até hoje o local reúne, principalmente nas segundas e sextas,
frequentadores que fazem as tradicionais rodas de samba, tornando o local
destino de muitos turistas e moradores que procuram diversão com o samba de
raiz. Nos arredores barracas e bares mantém a tradição de reunião de amigos com
alguma influência da culinária da época dos escravos, como o famoso Angu do
Gomes que tem como prato principal o angu que era a alimentação base dos
escravos.
Um passeio bem interessante do ponto de vista histórico e
cultural, que vale ser feito acompanhado por um anfitrião frequentador do local
e com muitas histórias interessantes para contar.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
História que Continua - DEZESSETE ANOS APÓS DEZESSETE
DEZESSETE
ANOS APÓS DEZESSETE
A vida nos reserva surpresas, para às quais não estamos ou achamos não estar preparados, eis que subitamente nos percebemos fazendo coisas que revelam o lado mais interior e belo da nossa natureza. Com dezessete anos tivemos mudanças de endereço e de vida.
Novamente dezessete anos após, ou seja, com 34 anos estava
mudando outra vez, agora para melhor, assim entendo. Foi o caso, na medida
que, em 1978, vim morar em Brasília - capital federal - . Os dois primeiros
anos foram, apesar de gostar muito da nova localização, de muita saudade do
convívio com a família, amigos e ambiente no Rio de Janeiro. Na verdade sai do Rio de Janeiro, mas o Rio de Janeiro não saiu de mim.
Não sei sob que fundamentos, mas essa nova realidade provocou uma resposta
tão inesperada quanto a minha vinda para Brasília, tendo em conta que o meu
lado adormecido das artes passou ou voltou a se fazer presente na minha vida.
Todas as imagens de infância, juventude e fase adulta no Rio de Janeiro
voltaram a povoar meus pensamentos e as lembranças foram a inspiração que
motivaram meu despertar, fazendo com que eu buscasse nos registros do passado,
sua ligação com o presente e futuro mesclado às experiências mais remotas.
Assim em 1980 concorri a uma Exposição das Cidades Satélites de
Brasília, e tive duas obras selecionadas, que representou a minha incursão no
mundo das artes plásticas no DF. A partir daí comecei a participar ativamente
da vida cultural de Brasília.
As exposições não se restringiram a apenas coletivas, individuais,
mas também de exibir minhas obras no Projeto Paradas - que consistia na
execução de pinturas em paradas de ônibus - visando além de embelezar a cidade,
mais especificamente de Sobradinho - DF, divulgar o meu trabalho. Neste caso
eram exposições de obras, bem como da minha figura, uma vez que tinha
contato direto com os usuários dos ônibus e transeuntes que por lá passavam.
Em Brasília mais do que no Rio de Janeiro, minha cidade natal amada,
encontrei inspiração e tempo para dedicar algumas horas do meu dia-a-dia às
artes, além de encontrar o apoio e o carinho, que todo artista necessita, por
parte dos apreciadores das suas obras, sejam eles adquirentes ou não.
O meu
trabalho visa desenvolver uma consciência coletiva dando ênfase a humanização
das favelas, objetivando a inserção dos seus moradores em um contexto
social onde aqueles sejam respeitados como quaisquer cidadãos e não
discriminados pela sua condição financeira menos favorecida.
Nesse sentido, baseado na minha experiência e observação da
nossa realidade ao constatar a carência de habitação que assola o mundo, ao me
deparar no Brasil, principalmente, com moradores de rua, que vivem e dormem ao
relento é que adotei como máxima o pensamento de que: É
melhor morar na favela, do que na rua, é bem mais romântico.
Assim faço da - arte tema - uma grande brincadeira e do personagem J.Vicente um menino travesso, preocupado em levar a simplicidade e a beleza da minha arte aos olhos daqueles que se ligam à cultura, colhendo os fragmentos que passados para as telas ou outro suporte simbolizam meu coração, minha paixão e minha alma.
Assim faço da - arte tema - uma grande brincadeira e do personagem J.Vicente um menino travesso, preocupado em levar a simplicidade e a beleza da minha arte aos olhos daqueles que se ligam à cultura, colhendo os fragmentos que passados para as telas ou outro suporte simbolizam meu coração, minha paixão e minha alma.
Um Pouco da Minha História
Pai
nordestino e mãe carioca, fui, como assim dizer, adotado aos dois anos, por
minha avó paterna, alagoana de Palmeira dos Índios, lugarejo distante 150
quilômetros de Maceió, capital de Alagoas – nordeste do Brasil.
Voltando
um pouco ao passado, minha avó, nasceu – mais ou menos – em 1898, digo mais ou
menos porque na época os registros ocorriam quando os pais lembravam ou quando
a pessoa, já adulta precisava da certidão de nascimento e essa eu nunca tive
acesso.
Outro
episódio que marcou a existência de minha avó foi que lá pela década de 40 do século XX, fugindo, do
pai de seus filhos que, por ela ser muito bonita, ele tinha loucas crises de
ciúmes, foi parar no Rio de Janeiro - RJ, Cidade Maravilhosa, em que se radicou
até o fim da sua vida.
Bela
morena clara, estatura mediana, cabelos lisos e castanhos, nariz afilado estilo
europeu, apesar de parecer de origem indígena, olhos cor de mel era um exemplar
de mulher que inspirava os mais torpes e sublimes sonhos.
Ela tinha
três filhos dos quais meu pai era um deles e um outro, que era carteiro faleceu
num acidente de trem, ficando ela então com dois filhos e uma filha.
Chegando
ao Rio de Janeiro foi morar numa chamada "cabeça-de-porco" ou
casa de cômodos que era num prédio de dois andares sito à Rua Bento
Ribeiro, número 19 ², no Bairro da Saúde, centro do RJ,
onde, para sobrevivência, lavou e passou roupa para terceiros e explorava uma
pensão³ onde cozinhava e vendia refeições. Dessa forma ajudava aos
filhos e a meu pai, como tal – é aí que eu começo a participar da sua vida - Me educou, inclusive em ginásio particular.
Até os seis anos não tenho registros de minha infância. Dos sete anos em diante recordo de minhas peripécias infantis, que numa primeira fase, bem contido, eu era mais companheiro da minha avó, e inclusive auxiliava em algumas pequenas tarefas de casa e trabalho da D. Maria, seu nome de batismo.
Até os seis anos não tenho registros de minha infância. Dos sete anos em diante recordo de minhas peripécias infantis, que numa primeira fase, bem contido, eu era mais companheiro da minha avó, e inclusive auxiliava em algumas pequenas tarefas de casa e trabalho da D. Maria, seu nome de batismo.
Muito boas lembranças da fase escolar, naquela época - primário e ginásio - todas
ligadas aos amigos e amigas, cujas residências eram no morro da Providência e
nas cercanias.
Ocupávamos,
até os idos de 1961, ela, eu, minha tia e meu tio, dois cômodos e mais uma
parte da cozinha comunitária do andar. O banheiro também era de uso
comunitário. As dependências de uso comum e mais vários quartos e uma área de
serviços, com tanques e varais para se estender roupas eram ladeados por um
corredor e ao mesmo tempo terraço de onde avistávamos o Morro da Providência e
a Pedreira São Diogo, que pouquíssimas vezes ouvimos funcionar. A bem da
clareza deste depoimento, morávamos no segundo andar do prédio. Aos 17 anos
tivemos que desocupar a nossa moradia, por motivo de desapropriação para
demolição - assim ficamos sabendo -.
Com muita
saudade narro os acontecimentos, ora quando falo de mim e da família, ora
quando falo do Rio de Janeiro por mim frequentado.
Na escola
primária - Escola 4.l República da Colômbia - era um moleque mais ou menos
aplicado, porém em matéria de disciplina "um desastre", pois brigão
ao extremo vivia envolvido em confusão. Os fatos não resultaram em maiores
danos. O tempo, as sovas e as repreensões - na rua e em casa - e a tolerância
dos adultos que me cercavam se incumbiram dos reparos no comportamento, graças
a Deus! Afinal eu não era "perda total" pois era bem educado e
respeitador dos mais velhos, salvo num ato de rebeldia, em que devolvi um
apagador contra mim arremessado pela professora. Felizmente minha pontaria não
era lá essas coisas.
A rua em
que eu morava era e ainda é muito próxima à Central do Brasil. Local de muita
movimentação de trabalhadores, vadios, desocupados, malandros, prostitutas,
cafetões e todas as espécies de aproveitadores do descuido alheio. Era um antro
de perdição. Eu da sacada do meu quarto apreciava as desavenças entre os
arruaceiros, cachaceiros, gatunos e brigões de todos os níveis. Eram
acontecimentos de toda natureza.
Mesmo
morando naquela selva nunca fui influenciado pelo que via e/ou ouvia. Minha
avó, nordestina de pouca ou nenhuma instrução foi a que mais me influenciou,
pois a mulher de fibra, trabalhadeira e honesta não media esforços para que eu
fosse educado com retidão, ainda como complemento quando eu não me portava como
ela orientava, bastava uma pequena ameaça:
- "
vou contar pro teu pai" - que eu logo aquietava.
Logo no
curso ginasial eu era mais ou menos aplicado. Nas matérias que eu gostava
costumava ir bem, era o caso de matemática, desenho, carpintaria, cerâmica,
canto, inglês, francês e até mesmo português, ao contrário de latim,
geografia e história, que eu só fazia para passar de ano e apertado. De todas
as disciplinas as que eu me destacava eram desenho e matemática. No caso de
desenho a professora sempre me dava um zero por comportamento e como eu ia bem
nas provas das três notas a média era sempre 6, ou seja nunca conservei a média
10 conseguida nas provas e trabalhos.
Falando
de artes, além do ginásio nunca fiz curso algum de desenho ou pintura, na minha
fase mais primitiva. Sempre fui autodidata, a vida inteira, mesmo amando o
desenho e a pintura minha ligação era apenas por meio dos livros onde observava obcecadamente técnicas, ideias e até as biografias dos grandes pintores.
A
curiosidade sempre me motivou e moveu. Minha inserção nas
artes foi quase que instintiva. Eu sentia a necessidade de pintar, desenhar, criar,
enfim estabelecer um elo entre o meu ser e a arte. Sempre apreciei os
quadros, as esculturas e as formas dentro desse universo. Os grandes pintores
provocaram em mim, interesse de também me manifestar por meio das telas,
pincéis, espátulas e tintas nesse contexto muitas vezes sombrio pouco
alvissareiro para os que se lançavam no campo.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
HISTÓRIAS - VERSÃO RECENTE
domingo, 26 de março de 2017
HISTÓRIA
Chama que me envolveu desde a infância as "Favelas" sempre foram o motivo do brilho nos olhos, não um brilho qualquer, mas um "quê" de envolvimento, encantamento e até de luxúria. Não poderia falar da minha arte sem mencionar o que a inspira: o FAVELISMO, o tema para mim, tão apaixonante que seu toque gerou algo até mais profundo o
FAVELIRISMO
A Vida é Bela na Favela - FAVELISMO
Tanto a denominação "Favela" quanto "Providência" remetem à guerra de Canudos. Favela era o nome de um morro que ficava nas redondezas de Canudos e serviu de base e acampamento para os soldados republicanos que foram combater os seguidores de Antônio Conselheiro. Faveleiro é o nome de um arbusto típico do sertão nordestino. O nome Providência, que passou a ser usado a partir dos anos 20 e 30 seria referência a um rio nas cercanias de Canudos.
Sinônimo de comunidade carente o termo favela acabou substantivado. Compreende na minha visão uma singela desorganização, com infra-estrutura deficiente, organizada ao jeito dos seus moradores.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1944, e criado num bairro localizado no centro da cidade, denominado Bairro da Saúde, até os 17 anos, tenho o orgulho de ter vivido uma infância, adolescência e início da juventude ricas de experiências e de convívio com a elite estudantil e com os mais humildes, como eu, (favelados do Morro da Providência), vivência diuturna da qual guardo grandes e excelentes lembranças, que marcaram para toda a minha existência. Cicatrizes que considero positivas.
A grande prova dessas marcas é a preferência de manifestar a minha arte utilizando como tema as favelas, locais onde partilhei momentos que exerceram um encantamento profundo na minha trajetória.
As favelas representadas por J. Vicente não expõem o lado triste, quase miserável e de abandono. As mazelas eram e são suplantadas pela beleza das vivências da infância e principalmente pela inocência dos então meninos e meninas com os quais partilhava seus brinquedos. Elas expõem a face colorida e alegre que permite uma visão de esperança e fé no presente e no futuro.
Toda a riqueza e deslumbramento se manifestam desde a confecção artesanal até o lazer com as bolas de meias , as petecas de jornal e penas de galinha, os patinetes e carrinhos de rolimãs e madeira, , pipas, pião, bandeirinha( pique cola), esconder, carniça, bola de gude e outros tipos de brincadeiras que jamais gostaria de ter deixado. Na verdade nunca deixei, apenas não as pratico, mas deixo que a minha arte exerça este papel-moleque que ainda existe em mim, por meio do colorido exuberante e de falta de cerimônia característicos.
Eis que o sonho parece ir se transformando em realidade para as gerações que sobreviveram ao quase caos. Hoje se executa as Favelas Bairros e no caso do Morro da Providência o Museu a Céu Aberto. É o bem superando o mal, o reconhecimento dos homens públicos de que aquele povo sofrido merece o melhor e é uma tirada inteligente, uma vez que permite a visão de que no mal não se combate com o mal. Queira Deus que tudo se realize como o planejado do início ao fim.
Ao tratar do tema "Favela" jamais poder-se-ia deixar de tecer
comentários sobre o Rio de Janeiro,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_Maravilhosa, meca do turismo do hemisfério
sul. Cidade que foi classificada pela UNESCO em 2012, como Patrimônio Cultural
da Humanidade, que, em termos
geográficos, históricos, culturais, etc... pode-se em
resumo ressaltar:
Fundada em 20 de Janeiro de 1565, ou seja com mais de quatro séculos de existência, a cidade do Rio de Janeiro ocupa
uma área de
43 780,172 km².
Encravada na região sudeste do Brasil, o Rio de Janeiro, conta com 635
km de litoral, possuindo algumas das mais lindas praias do país, quem sabe, do
mundo, além de belíssimas paisagens naturais belas - montanhas,
Matas, destacando-se a Mata Atlântica .
O estado do Rio de Janeiro faz parte do bioma da Mata Atlântica brasileira, tendo em seu relevo
montanhas e baixadas destacando-se pelas paisagens diversas com escarpas elevadas à beira-mar, restingas, baías, lagunas e florestas tropicais.
O porto do Rio de Janeiro foi, a partir de 1640, o ponto de partida para
o comércio entre a África e o Brasil, visando complementarmente ao
tráfico de escravos entre os dois países.
O trabalho escravo, foi base de sustentação da próspera
sociedade cafeeira fluminense até por volta da abolição da escravatura em 1888.
Não podia deixar de citar tais fatos, tendo em conta que, carioca,
cuja infância e adolescência vivenciadas naquele sítio histórico tão importante
da cidade, hoje querendo enfatizar toda a poesia de determinados locais e
destas fases da minha vida e história, ouso discorrer sobre o quanto naquelas
oportunidades não percebia o valor real dos ambientes e atmosfera desfrutados.
Os envolvimentos físico, lúdico e emocional contagiantes nos quais
mergulhavam meninos e meninas com os quais praticava todas as brincadeiras
próprias da faixa etária não nos permitiam alcançar o conteúdo de outras
relevâncias.
Fragmentos da minha história, misturados com a do Rio de Janeiro, no
tocante às informações e formação, isto porque...
Um Pouco da Minha História
Pai nordestino e mãe carioca, fui, como assim dizer, adotado aos dois
anos, por minha avó paterna, alagoana de Palmeira dos Índios, lugarejo distante
150 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas – nordeste do Brasil.
Voltando um pouco ao passado, minha
avó, nasceu – mais ou menos – em 1898. E lá pela década de 40 do século
XX, fugindo, do pai de seus filhos que, por ela ser muito bonita, ele tinha
loucas crises de ciúmes, foi parar no Rio de Janeiro - RJ, Cidade Maravilhosa,
em que se radicou até o fim da sua vida.
Bela morena clara, estatura mediana,
cabelos lisos e castanhos, nariz afilado estilo europeu, apesar de parecer de
origem indígena, olhos cor de mel era um exemplar de mulher que inspirava os
mais torpes e sublimes sonhos.
Ela tinha três filhos dos quais meu
pai era um deles e um outro, que era carteiro faleceu num acidente de trem,
ficando ela então com dois filhos e uma filha.
Chegando ao Rio de Janeiro foi morar
numa chamada "cabeça-de-porco" ou casa de
cômodos que era num prédio de dois andares sito à Rua Bento Ribeiro,
número 19 ², no Bairro da Saúde, centro do RJ, onde, para sobrevivência,
lavou e passou roupa para terceiros e explorava uma pensão³ onde
cozinhava e vendia refeições. Dessa forma ajudava aos filhos e me educava, inclusive em ginásio particular. Até os seis anos não tenho
registros de minha infância. Dos sete anos em diante recordo de minhas
peripécias infantis, que numa primeira fase, bem contido, eu era mais
companheiro da minha avó, e inclusive auxiliava em algumas pequenas tarefas de
casa e trabalho da D. Maria, seu nome de batismo.
Muitas boas lembranças da fase escolar, naquela época - primário e ginásio - todas ligadas aos amigos e amigas, cujas residências eram no morro da Providência e nas cercanias.
Ocupávamos, até os idos de 1961, ela, eu, minha tia e meu
tio, dois cômodos e mais uma parte da cozinha comunitária do andar. O banheiro
também era de uso comunitário. As dependências de uso comum e mais vários
quartos e uma área de serviços, com tanques e varais para se estender roupas
eram ladeados por um corredor e ao mesmo tempo terraço de onde avistávamos o
Morro da Providência e a Pedreira São Diogo, que pouquíssimas vezes ouvimos
funcionar. A bem da clareza deste depoimento, morávamos no segundo andar do
prédio. Aos 17 anos tivemos que desocupar a nossa moradia, por motivo de desapropriação para demolição - assim ficamos sabendo -.
Com muita saudade narro os acontecimentos, ora quando falo de mim e da família, ora quando falo do Rio de Janeiro por mim frequentado.
Na escola primária - Escola 4.l República da Colômbia - era um moleque mais ou menos aplicado, porém em matéria de disciplina "um desastre", pois brigão ao extremo vivia envolvido em confusão. Os fatos não resultaram em maiores danos. O tempo, as sovas e as repreensões - na rua e em casa - e a tolerância dos adultos que me cercavam se incumbiram dos reparos no comportamento, graças a Deus! Afinal eu não era "perda total" pois era bem educado e respeitador dos mais velhos, salvo num ato de rebeldia, em que devolvi um apagador contra mim arremessado pela professora. Felizmente minha pontaria não era lá essas coisas.
A rua em que eu morava era e ainda é muito próxima à Central do Brasil. Local de muita movimentação de trabalhadores, vadios, desocupados, malandros, prostitutas, cafetões e todas as espécies de aproveitadores do descuido alheio. Era um antro de perdição. Eu da sacada do meu quarto apreciava as desavenças entre os arruaceiros, cachaceiros, gatunos e brigões de todos os níveis. Eram acontecimentos de toda natureza.
Mesmo morando naquela selva nunca fui influenciado pelo que via e/ou ouvia. Minha avó, nordestina de pouca ou nenhuma instrução foi a que mais me influenciou, pois a mulher de fibra, trabalhadeira e honesta não media esforços para que eu fosse educado com retidão, ainda como complemento quando eu não me portava como ela orientava, bastava uma pequena ameaça:
- " vou contar pro teu pai" -
que eu logo aquietava.
Logo no curso ginasial eu era mais ou menos aplicado. Nas matérias que eu gostava costumava ir bem, era o caso de matemática, desenho, carpintaria, cerâmica, canto, inglês, francês e até mesmo português, ao contrário de latim, geografia e história, que eu só fazia para passar de ano e apertado. de todas as disciplinas as que eu me destacava eram desenho e matemática. No caso de desenho a professora sempre me dava um zero por comportamento e como eu ia bem nas provas das três notas a média era sempre 6, ou seja nunca conservei a média 10 conseguida nas provas e trabalhos.
Falando de artes, além do ginásio nunca fiz curso algum de desenho ou pintura, na minha fase mais primitiva. Sempre fui auto-didata, a vida inteira, mesmo amando o desenho e a pintura minha ligação era apenas por meio dos livros onde observava técnicas, idéias e até as biografias dos grandes pintores.
A curiosidade sempre me motivou e moveu. Minha inserção nas artes foi quase que instintiva. Eu sentia a necessidade de pintar, desenhar, criar, enfim estabelecer um elo entre o meu ser e a arte. Sempre apreciei os quadros, as esculturas e as formas dentro desse universo. Os grandes pintores provocaram em mim, interesse de também me manifestar por meio das telas, pincéis, espátulas e tintas nesse contexto muitas vezes sombrio pouco alvissareiro para os que se lançavam no campo.
A vida nos reserva surpresas para às quais não estamos ou achamos não estar preparados, eis que subitamente nos percebemos fazendo coisas que revelam o lado mais interior e belo da nossa natureza. Com dezessete anos tivemos mudanças de endereço e de vida.
Com muita saudade narro os acontecimentos, ora quando falo de mim e da família, ora quando falo do Rio de Janeiro por mim frequentado.
Na escola primária - Escola 4.l República da Colômbia - era um moleque mais ou menos aplicado, porém em matéria de disciplina "um desastre", pois brigão ao extremo vivia envolvido em confusão. Os fatos não resultaram em maiores danos. O tempo, as sovas e as repreensões - na rua e em casa - e a tolerância dos adultos que me cercavam se incumbiram dos reparos no comportamento, graças a Deus! Afinal eu não era "perda total" pois era bem educado e respeitador dos mais velhos, salvo num ato de rebeldia, em que devolvi um apagador contra mim arremessado pela professora. Felizmente minha pontaria não era lá essas coisas.
A rua em que eu morava era e ainda é muito próxima à Central do Brasil. Local de muita movimentação de trabalhadores, vadios, desocupados, malandros, prostitutas, cafetões e todas as espécies de aproveitadores do descuido alheio. Era um antro de perdição. Eu da sacada do meu quarto apreciava as desavenças entre os arruaceiros, cachaceiros, gatunos e brigões de todos os níveis. Eram acontecimentos de toda natureza.
Mesmo morando naquela selva nunca fui influenciado pelo que via e/ou ouvia. Minha avó, nordestina de pouca ou nenhuma instrução foi a que mais me influenciou, pois a mulher de fibra, trabalhadeira e honesta não media esforços para que eu fosse educado com retidão, ainda como complemento quando eu não me portava como ela orientava, bastava uma pequena ameaça:
- " vou contar pro teu pai" -
que eu logo aquietava.
Logo no curso ginasial eu era mais ou menos aplicado. Nas matérias que eu gostava costumava ir bem, era o caso de matemática, desenho, carpintaria, cerâmica, canto, inglês, francês e até mesmo português, ao contrário de latim, geografia e história, que eu só fazia para passar de ano e apertado. de todas as disciplinas as que eu me destacava eram desenho e matemática. No caso de desenho a professora sempre me dava um zero por comportamento e como eu ia bem nas provas das três notas a média era sempre 6, ou seja nunca conservei a média 10 conseguida nas provas e trabalhos.
Falando de artes, além do ginásio nunca fiz curso algum de desenho ou pintura, na minha fase mais primitiva. Sempre fui auto-didata, a vida inteira, mesmo amando o desenho e a pintura minha ligação era apenas por meio dos livros onde observava técnicas, idéias e até as biografias dos grandes pintores.
A curiosidade sempre me motivou e moveu. Minha inserção nas artes foi quase que instintiva. Eu sentia a necessidade de pintar, desenhar, criar, enfim estabelecer um elo entre o meu ser e a arte. Sempre apreciei os quadros, as esculturas e as formas dentro desse universo. Os grandes pintores provocaram em mim, interesse de também me manifestar por meio das telas, pincéis, espátulas e tintas nesse contexto muitas vezes sombrio pouco alvissareiro para os que se lançavam no campo.
DEZESSETE ANOS APÓS
A vida nos reserva surpresas para às quais não estamos ou achamos não estar preparados, eis que subitamente nos percebemos fazendo coisas que revelam o lado mais interior e belo da nossa natureza. Com dezessete anos tivemos mudanças de endereço e de vida.
Novamente dezessete anos após, ou seja, com 34 anos estava mudando outra vez, agora para melhor, assim entendo. Foi o caso, na medida que, em 1978, vim morar em Brasília - capital federal - . Os dois primeiros anos foram, apesar de gostar muito da nova localização, de muita saudade do convívio com a família, amigos e ambiente no Rio de Janeiro.
Não sei sob que fundamentos, mas essa nova realidade provocou uma resposta tão inesperada quanto a minha vinda para Brasília, tendo em conta que o meu lado adormecido das artes passou ou voltou a se fazer presente na minha vida. Todas as imagens de infância, juventude e fase adulta no Rio de Janeiro voltaram a povoar meus pensamentos e as lembranças foram a inspiração que motivaram meu despertar, fazendo com que eu buscasse nos registros do passado, sua ligação com o presente e futuro mesclado às experiências mais remotas.
Assim em 1980 concorri a uma Exposição das Cidades Satélites de Brasília, e tive duas obras selecionadas, que representou a minha incursão no mundo das artes plásticas no DF. A partir daí comecei a participar ativamente da vida cultural de Brasília.
As exposições não se restringiram a apenas coletivas, individuais, mas também de exibir minhas obras no Projeto Paradas - que consistia na execução de pinturas em paradas de ônibus - visando além de embelezar as cidade, mais especificamente de Sobradinho - DF, divulgar o meu trabalho. Neste caso eram exposições de obras, bem como da minha figura, uma vez que tinha contato direto com os usuários dos ônibus e transeuntes que por lá passavam.
Em Brasília mais do que no Rio de Janeiro, minha cidade natal amada, encontrei inspiração e tempo para dedicar algumas horas do meu dia-a-dia às artes, além de encontrar o apoio e o carinho, que todo artista necessita, por parte dos apreciadores das suas obras, sejam eles adquirentes ou não.
O meu trabalho visa desenvolver uma consciência coletiva dando ênfase a humanização das favelas, objetivando a inserção dos seus moradores em um contexto social onde aqueles sejam respeitados como quaisquer cidadãos e não discriminados pela sua condição financeira menos favorecida. Nesse sentido, baseado na minha experiência e observação da nossa realidade ao constatar a carência de habitação que assola o mundo, ao me deparar no Brasil, principalmente, com moradores de rua, que vivem e dormem ao relento é que adotei como máxima o pensamento de que: É melhor morar na favela, do que na rua, é bem mais romântico. FAVELIRISMO esse é o sentimento
Um Pouco da História do Rio de
Janeiro.
No Rio de Janeiro - década de 1950 -
era muito comum faltar – ter racionamento – de água e de energia elétrica.
Tinha até uma marchinha de carnaval que dizia em versos esse drama: “Rio de
Janeiro, cidade que me seduz de dia falta água e de noite falta luz”. Letra e
música de Anjos do Inferno – 1954.
O Morro da Providência era, na minha
infância, ouvia-se dizer, reduto de pessoas boas e más, e pelas más, falava-se
que a polícia não subia e os bandidos não desciam. Logicamente era pura lenda,
mas a polícia realmente não tinha um acesso nada tranquilo naquelas paragens.
A pedreira São Diogo foi palco,
apesar do solo altamente pedregoso, de peladas que a meninada disputava, com
bola de borracha ou de meia²³ com ânimo de quem corre atrás da pelota oficial
em gramado de finíssimo trato. Entre outras brincadeiras o pique esconde era
muito desfrutado na pedreira abandonada.
O Morro da Providência, de um lado e
o Bairro da Gamboa de outro eram lugares pouco hospitaleiros para pessoas
estranhas àquelas paragens, os homens desconhecidos que por ali transitassem
podiam ser confundidos com policiais espionando as bocas³³. Mulheres e
homens que por ali vagassem e que não fosse em busca de algum parceiro ou para
adquirir droga, logo eram acompanhados de perto ou escorraçados da área.
Foto do Morro da Providência Lado da Pedreira São Diogo em 2016 - autoria de J.Vicente
Contíguo à Providência se situa o
Morro da Conceição, também chamado de Morro do Livramento, mais perto da Praça
Mauá, era um local que se tornou histórico, porque possuía, nas proximidades da
Ladeira João Homem, uma praça onde nos tempos mais remotos do Rio de Janeiro
eram leiloados os escravos que costumavam chegar aprisionados da África, ao
cais do porto, nos navios negreiros.
Todo aquele sítio histórico e mais as escadarias do Valongo se
transformaram na área de lazer da meninada, inclusive eu, que ia jogar futebol
nas adjacências da Rua do Jogo da Bola e correr e brincar de esconder nos
jardins junto às íngremes e perigosas escadarias do Valongo.
Escadaria, Jardins e museu do Valongo (casarão amarelo), em 2016, após
passar por reformas.
Foto da Escadaria do Valongo em 2016 - autoria de J.Vicente
Não podia deixar de citar tais fatos, tendo em conta que, carioca, cuja
infância e adolescência vivenciadas naqueles sítios históricos tão importantes
da cidade, hoje querendo enfatizar toda a poesia de determinados locais e
destas fases da minha vida e história, ouso discorrer sobre o quanto naquelas
oportunidades não percebia o valor real dos ambientes e atmosfera desfrutados.
A cabulações de aulas que não comprometiam o aprendizado de alguns, outros nem se importavam com o desempenho escolar, mas faziam questão de participar da verdadeira festa e recuperavam ou não posteriormente.
No Morro da Conceição, Escadaria do Valongo Rua do Jogo da Bola, Ladeira
João Homem e outros tantos locais praticávamos nossas brincadeiras, bola de
meia, bola de gude, pipa, pique esconde, e outras que se não existissem
inventávamos – imaginem; ali naqueles locais eram onde circulavam escravos e
mercadores de escravos em busca dos leilões dos que desembarcados dos navios
negreiros eram levados para serem vendidos – a meninada nem se
ligava nesses fatos, sequer sabiam da carga de energia que aquele solo portava
e quanto sofrimento teria testemunhado.
Morro da Conceição – subida pela Rua Sacadura Cabral - RJ - 2016
Morro da Conceição – subida pela Rua Sacadura Cabral - RJ - 2016
Morro da Conceição – subida pela Rua do Acre (proximidades da Pça Mauá) - RJ - 2016
Não menos frequentado no Morro da Providência a Pedreira São Diogo, que, desativada, tinha seu piso pedregoso propicio à nossa pelada com bola de borracha ou bola de meia e a escada da vertente norte, local adequado para empinar pipa. E assim foi até praticamente os meus 17 anos.
Da sacada do prédio em que eu morava
dava para avistar o lado da Pedreira São Diogo e a igrejinha que ainda existe
no alto do Morro. A impressão que dá é de que a igreja está na beira do
penhasco. E está muito próximo!
“ Na Ladeira do Livramento,
morro do mesmo nome, número 77, a história se transforma em ruínas. A casa onde
o escritor Machado de Assis nasceu e morou até os 6 anos virou um cortiço, que
se deteriora com o tempo. Seis famílias se espremem no imóvel, que, apesar do
valor cultural, não é reconhecido pela Prefeitura do Rio como o local onde um
dos maiores literatos do país passou parte da sua infância.” Aliás só de poucos
anos para cá os mandatários políticos do Rio de Janeiro se deram conta do valor
histórico da área central do local e criaram o Porto Maravilha entre outras
atrações turísticas que ali foram instaladas.
A finalização do
passeio acontece na Pedra do Sal, que recebe esse nome pois é a rocha onde os
escravos descarregavam o sal que chegava do cais do porto. Com forte influência
cultural dessa época, somada a cultura de estivadores que ali se reuniam após o
expediente para rodas de samba, o local é considerado o berço do samba carioca –
a Pedra do Sal deu origem aos primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e pontos
ritualísticos na metade do século XIX. Até hoje o local reúne, principalmente
nas segundas e sextas, frequentadores que fazem as tradicionais rodas de samba,
tornando o local destino de muitos turistas e moradores que procuram diversão
com o samba de raiz. Nos arredores barracas e bares mantém a tradição de
reunião de amigos com alguma influência da culinária da época dos escravos,
como o famoso Angu do Gomes que tem como prato principal o angu que era a alimentação
base dos escravos.
Um passeio bem interessante do ponto de vista histórico e cultural, que vale ser feito acompanhado por um anfitrião frequentador do local e com muitas histórias interessantes para contar.
EM ELABORAÇÃO
Um passeio bem interessante do ponto de vista histórico e cultural, que vale ser feito acompanhado por um anfitrião frequentador do local e com muitas histórias interessantes para contar.
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