J. VICENTE - Artes Visuais
domingo, 26 de março de 2017
HISTÓRIAS
HISTÓRIA
Chama que me envolveu desde a infância as "Favelas" sempre foram o motivo do brilho nos olhos, não um brilho qualquer, mas um "quê" de envolvimento, encantamento e até de luxúria. Não poderia falar da minha arte sem mencionar o que a inspira: O FAVELISMO
Ao tratar do tema "Favela" jamais poder-se-ia deixar de tecer comentários sobre o Rio de Janeiro, https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_Maravilhosa, meca do turismo do hemisfério sul. Cidade que foi classificada pela UNESCO em 2012, como Patrimônio Cultural da Humanidade, que, em termos geográficos, históricos, culturais, etc... pode-se em resumo ressaltar:
Encravada na região sudeste do Brasil, o Rio de Janeiro, conta com 635 km de litoral, possuindo algumas das mais lindas praias do país, quem sabe, do mundo, além de belíssimas paisagens naturais belas - montanhas, Matas, destacando-se a Mata Atlântica .
Os principais
acidentes geográficos do estado são a Serra
do Mar e a Serra da Mantiqueira.
O
estado do Rio de Janeiro faz parte do bioma da Mata
Atlântica brasileira, tendo em
seu relevo montanhas e baixadas destacando-se pelas paisagens diversas com escarpas elevadas à beira-mar, restingas, baías, lagunas e florestas
tropicais.
O porto do Rio de Janeiro foi, a partir de 1640, o ponto de partida para o comércio entre a África e o Brasil, visando complementarmente ao tráfico de escravos entre os dois países.
Não podia deixar de citar tais fatos, tendo em conta
que, carioca, cuja infância e adolescência vivenciadas naquele sítio histórico tão importante da cidade, hoje querendo enfatizar toda a poesia de
determinados locais e destas fases da minha vida e história, ouso discorrer
sobre o quanto naquelas oportunidades não percebia o valor real dos ambientes e
atmosfera desfrutados.
Os envolvimentos físico, lúdico e
emocional contagiantes nos quais mergulhavam meninos e meninas com os quais
praticava todas as brincadeiras próprias da faixa etária não nos permitiam
alcançar o conteúdo de outras relevâncias.
Fragmentos da minha história, misturados com a do Rio de Janeiro, no tocante às informações e formação, isto porque...
Um Pouco da Minha História
Nascido no Rio de Janeiro, em 1944, de pai nordestino e mãe carioca, fui, como assim dizer, adotado aos dois anos, por minha avó paterna, alagoana de Palmeira dos Índios, lugarejo distante 150 quilômetros de Maceió, capital de Alagoas – nordeste do Brasil.
Voltando um pouco ao passado, minha avó, nasceu – mais ou menos – em 1898. E lá pela década de 40 do século XX, fugindo, do pai de seus filhos que, por ela ser muito bonita, ele tinha loucas crises de ciúmes, foi parar no Rio de Janeiro - RJ, Cidade Maravilhosa, em que se radicou até o fim da sua vida.
Bela morena clara, estatura mediana, cabelos lisos e castanhos, nariz afilado estilo europeu, apesar de parecer de origem indígena, olhos cor de mel era um exemplar de mulher que inspirava os mais torpes e sublimes sonhos.
Ela tinha três filhos dos quais meu pai era um deles e um outro, que era carteiro faleceu num acidente de trem, ficando ela então com dois filhos e uma filha.
Chegando ao Rio de Janeiro foi morar numa chamada "cabeça-de-porco" ou casa de cômodos que era num prédio de dois andares sito à Rua Bento Ribeiro, número 19 ², no Bairro da Saúde, centro do RJ, onde, para sobrevivência, lavou e passou roupa para terceiros e explorava uma pensão³ onde cozinhava e vendia refeições.
Dos dois aos seis anos não tenho registros de minha infância. Dos sete anos em diante recordo de minhas peripécias infantis, que numa primeira fase, bem contido, eu era mais companheiro da minha avó, e inclusive auxiliava em algumas pequenas tarefas de casa e trabalho da D. Maria, seu nome de batismo.
Ocupávamos, ela, eu, minha tia e meu tio dois cômodos e mais uma parte da cozinha comunitária do andar. O banheiro também era de uso comunitário. As dependências de uso comum e mais vários quartos e uma área de serviços, com tanques e varais para se estender roupas eram ladeados por um corredor e ao mesmo tempo terraço de onde avistávamos o Morro da Providência e a Pedreira São Diogo, que pouquíssimas vezes ouvimos funcionar. A bem da clareza deste depoimento, morávamos no segundo andar do prédio.
Um Pouco da História do Rio de Janeiro da qual lembro
Um Pouco da História do Rio de Janeiro da qual lembro
No Rio de Janeiro - década de 1950 - era muito comum faltar – ter racionamento – de água e de energia elétrica. Tinha até uma marchinha de carnaval que dizia em versos esse drama: “Rio de Janeiro, cidade que me seduz de dia falta água e de noite falta luz”. Letra e música de Anjos do Inferno – 1954.
O Morro da Providência era, na minha infância, ouvia-se dizer, reduto de pessoas boas e más, e pelas más, falava-se que a polícia não subia e os bandidos não desciam. Logicamente era pura lenda, mas a polícia realmente não tinha um acesso nada tranquilo naquelas paragens.
A pedreira São Diogo foi palco, apesar do solo altamente pedregoso, de peladas que a meninada disputava, com bola de borracha ou de meia²³ com ânimo de quem corre atrás da pelota oficial em gramado de finíssimo trato. Entre outras brincadeiras o pique esconde era muito desfrutado na pedreira abandonada.
O Morro da Providência, de um lado e o Bairro da Gamboa de outro eram lugares pouco hospitaleiros para pessoas estranhas àquelas paragens, os homens desconhecidos que por ali transitassem podiam ser confundidos com policiais espionando as bocas³³. Mulheres e homens que por ali vagassem e que não fosse em busca de algum parceiro ou para adquirir droga logo eram acompanhados de perto ou escorraçados da área.
Foto do Morro da Providência em 2016 - autoria de J.Vicente
Todo aquele sítio histórico e mais as escadarias do Valongo se transformaram na área de lazer da meninada, inclusive eu, que ia jogar futebol nas adjacências da Rua do Jogo da Bola e correr e brincar de esconder nos jardins junto às íngremes e perigosas escadarias do Valongo.
Foto da Escadaria do Valongo em 2016 - autoria de J.Vicente
Não podia deixar de citar tais fatos, tendo em conta
que, carioca, cuja infância e adolescência vivenciadas naqueles sítios
históricos tão importantes da cidade, hoje querendo enfatizar toda a poesia de
determinados locais e destas fases da minha vida e história, ouso discorrer
sobre o quanto naquelas oportunidades não percebia o valor real dos ambientes e
atmosfera desfrutados.
O lirismo dos envolvimentos
físico, lúdico e emocional contagiantes nos quais mergulhavam meninos e meninas
com os quais praticava todas as brincadeiras próprias da faixa etária não nos
permitiam alcançar o conteúdo de outras relevâncias.
A cabulações de aulas que não
comprometiam o aprendizado de alguns, outros nem se importavam com o desempenho
escolar, mas faziam questão de participar da verdadeira festa e recuperavam ou
não posteriormente.
No Morro da Conceição, Escadaria
do Valongo Rua do Jogo da Bola, Ladeira João Homem e outros tantos locais
praticávamos nossas brincadeiras, bola de meia, bola de gude, pipa, pique
esconde, e outras que se não existissem inventávamos – imaginem; ali naqueles
locais eram onde circulavam escravos e mercadores de escravos em busca dos
leilões dos que desembarcados dos navios negreiros eram levados para serem
vendidos – a meninada nem se ligava nesses fatos, sequer
sabiam da carga de energia que aquele solo portava e quanto sofrimento teria
testemunhado.
Não menos frequentado no Morro da Providência a Pedreira São
Diogo, que, desativada, tinha seu piso pedregoso propicio à nossa pelada com
bola de borracha ou bola de meia e a escada da vertente norte, local adequado
para empinar pipa. Ah! o FAVELISMO decorreu daí e desdobrou-se até o FAVELIRISMO sua versão romântica.
Da sacada do prédio em que eu morava dava para avistar o lado da
Pedreira São Diogo e a igrejinha que ainda existe no alto do Morro. A impressão
que dá é de que a igreja está na beira do penhasco. E está!“ Na Ladeira do Livramento, morro do mesmo nome, número 77, a história se transforma em ruínas. A casa onde o escritor Machado de Assis nasceu e morou até os 6 anos virou um cortiço, que se deteriora com o tempo. Seis famílias se espremem no imóvel, que, apesar do valor cultural, não é reconhecido pela Prefeitura do Rio como o local onde um dos maiores literatos do país passou parte da sua infância.” Aliás só de poucos anos para cá os mandatários políticos do Rio de Janeiro se deram conta do valor histórico da área central do local e criaram o Porto Maravilha entre outras atrações turísticas que ali foram instaladas.
Em Elaboração
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